07 agosto, 2009



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Na impossibilidade da sorte
jogo xadrez
de olhos bem fechados
casa quatro com a três
a torre avança (e xeque mate!)
deus não joga dados
nem traça linhas-de-fuga com giz
e seu olhar nunca mente
quando você finalmente diz


a noite cai por toda parte
viver deixa de ser aventura
pra virar uma arte
é preciso coragem até pra crer
e seguir em frente
falar sobre certas coisas
sobre algo que poderia vir a ser


na impossibilidade de ser feliz
rascunho poemas
faço poemas de amor
que nunca serão lidos
letras de música
onde não cabem uma nota sequer


tarde, bem tarde da noite
uma noite qualquer
sempre o mesmo sonho
a mesma paisagem
corro e nem sei mais do quê
no telefone ocupado
sempre a mesma mensagem


na impossibilidade de prever
uma jogada prescrita
uma promessa que se vai
o que o futuro tanto grita
grito mas o som nunca sai


nossas crianças ainda estão por aí
à espera de esperança
qualquer que seja

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wallace puosso, agosto de 2009

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2 comentários:

  1. És um libertário, um incendiário, as vezes contido, mas a chama sempre acesa.
    grande abraço

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  2. profundo mas triste...
    procure na esperança a promessa
    a felicidade
    a vida

    mil bjs

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