01 abril, 2011

RESPIRANDO NA ANTE-SALA DO MATADOURO



Moscou, 1897. São Paulo, 2011.
Outono-Primavera
Cena: um bar com mesas na calçada.
Na mesa, cervejas. Nada de vodca.
Cinco pessoas conversam sobre poética. Poética da cena, no teatro, na literatura. Poética da aventura russa rumo à utopia marxista.
Cinco pessoas refletem. Sobre fatos presentes. Conversas que se iniciaram a mais de um século.
Moscou é uma cidade fria em boa parte do ano. São José dos Campos é fria o ano todo. Por isso as pessoas bebem. E trabalham muito. E não tem tempo para freqüentar teatros.
Nossa aventura não tem Mecenas. Mas tem trincheiras. E são várias.
Stanislavski, Tchekhov, Olga Knipper, Meyerhold e Gorki.
Cinco pessoas. Conversam sobre circunstancias. Nada é por acaso.
Na mesa, em meio aos copos, cartas. Amareladas não pelo tempo, mas pelo descaso.
Nossos czares-coronéis enterram planos de um futuro melhor. Que futuro?
No Brasil não há revolução armada. Na Rússia não há homens cordiais, comuns aos trópicos.
Trôpegos, traçamos uma linha imaginária com mais de cem anos e respiramos na ante-sala do matadouro.
Enquanto restar forças, gritaremos a todo pulmão.
Nossas cartas não têm truques. Nem travas na língua.
Cinco jogadores em torno de uma idéia.
Na virada do século 20, um grupo de artistas conhecidos como 'O Mundo da Arte', se dedicou à retomada da qualidade artística sob a bandeira da 'arte pela arte'. Criaram pinturas de excelente qualidade e fizeram sentir sua influência em todos os ramos da arte, embora talvez de maneira mais expressiva no palco.


wallace puosso

Um comentário:

  1. Nenhuma conversa com amigo é por acaso. Post novo na área! Bjs e fik c Deus.

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