21 novembro, 2011

Um não-lugar

Naquele tempo, não muito diferente de hoje, no interior de cada apartamento, grandes dramas eram encenados… Não havia privacidade nem anonimato. Uma pessoa, ou era ator principal do drama, ou mero espectador… Mas uma coisa era certa: todo mundo sabia da vida de todo mundo!

Dia 23, quarta, 20h no SESC São José dos Campos.  


 UM LUGAR CHAMADO DROPSIE




Foto: Wallace Puosso. Detalhe de ensaio. Na foto, Marcio Santamaria e Paulo Barja
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18 novembro, 2011

Teatro para Ouvir

Minha companhia de teatro, o Cubo Cênico desenvolve um trabalho de pesquisa e investigação cênica baseado em novelas gráficas, roteiros de cinema, indicações técnicas ou estilísticas utilizadas como pontos de referência pelos atores. Os métodos para criação atoral, além de se apoiarem na memória e na espontaneidade individuais, envolve a leitura de textos teóricos e literários. O texto nasce junto com o espetáculo, nas palavras e cenas que o grupo vier a experimentar.
Dessa forma, "Um Lugar Chamado Dropsie" começa a ser fundamentado.

A primeira etapa, será a leitura pública da adaptação da obra de Will Eisner na próxima quarta-feira, 23/11 no SESC SJCampos.


04 novembro, 2011

a vida secreta das palavras



Hoje sonhei com palavras

para sempre
esperança
silêncio
amizade

Você sabia que o que separa
amor de saudade
é quase um dicionário inteiro?

“às vezes é difícil continuar”
disse Alice ao Chapeleiro Maluco
e ele apenas riu
“no país das maravilhas, basta o desejo
e ela sempre desejou
seguir adiante

tempo
dor e redenção
para sempre
amor
chuva de verão

“vamos brincar enquanto as crianças dormem”
amarelinha
adoletá
chicote queimado
beijo abraço aperto de mão

Talvez você não saiba
tentamos imaginar amanhã
de olho no que passou
nada no pretérito
nem no passado
meu verbo
é conjugado (sempre) no presente

Hoje sonhei com palavras

E são elas que me dão força
para seguir em frente.



Wallace P.
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13 outubro, 2011

Uma canção para Agnes



Talvez por não saber, ela seguiu. Em frente.
Verbo, substantivo, amor e confusão.
Palavra é o que se sente.
Um filme. Sobre poesia e memória.


POETRY

07 outubro, 2011

Vamos ouvir a lua?

Segue agenda do meu espetáculo.
E, para 2012, a nova produção da Cia. Teatro da Cidade: Almas Abaixo de Zero


23 setembro, 2011

Momento reflexão

...então assim, de repente, lembrei-me de Eduardo Galeano, autor que eu acho essencial, ainda mais dentro dessa rotina f.d.p. em que nos encontramos. E, visitando o blog do "Projeto Exilus", da Érica Cunha, eis que o abaixo texto estava lá. Meu processo de pesquisa também passa por esse viés. A possibilidade real de olhar pros lados, reconhecer o outro, reconhecer-se diferente, assumir que alguns problemas também são seus, afinal de contas.


Os Ninguéns - Eduardo Galeano


As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico de sorte chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chova ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte , por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e mal pagos: Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam supertições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não tem cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.


Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
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20 setembro, 2011

certas canções


Tenho uma canção dos Beatles que não me sai da cabeça. Ainda tamborilo os dedos numa superfície qualquer com meu pensamento distante. Às vezes penso em Mahabarata. E admiro a cada dia mais o Dalai Lama. Sinto falta dos amigos, porque resolvi pôr a arte acima de tudo. Até quando conseguirei ir à padaria sem ser reconhecido publicamente? A noção hiper-moderna de sucesso está relacionada ao número de citações na internet ou quando se vira verbete da Wikipédia? Besteiras. Tenho compulsão por comprar CD’s e DVd’s. E filmes em VHS. Principalmente os clássicos. Sinto saudades com muita freqüência. Mas olho pra frente com certo otimismo. Amo os detalhes. E os amores feitos de olhares e silêncio. Tenho uma noção simples da vida. Os outros é que complicam. Eu nunca fui bom em matemática. Como bom curioso, sou entusiasta da Grécia Antiga. E dos mitos. Ainda troco a TV e o vídeo por um bom livro. As coisas boas da vida duram pouco. Porque a maior parte das canções dos Beatles têm pouco mais de dois minutos? Deveriam durar pra sempre.



Wallace Puosso, reeditando
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14 setembro, 2011

Novidade para Novembro



PROJETO "TEATRO PARA OUVIR"


Primeiro ensaio já nesta sexta-feira, 16/09 no SESC São José dos Campos, com minha companhia, a Cubo Cênico.
A leitura dramática do texto "Um Lugar Chamado Dropsie", adaptado e dirigido por mim, a partir de histórias de Will Eisner, ocorrerá na segunda quinzena de novembro e complementa os estudos já iniciados a partir de contos curtos de Marina Colasanti e pesquisa sobre cinema e graphic novels.
Na trilha sonora, Billie Holliday, Louis Armstrong, Bessie Smith e Josephine Backer, entre outros.
Elenco: Conceição Castro, Evandro Valentin, Marcio Santamaria, Marianna Mar e Thais Lopes.


Aguardem!
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05 setembro, 2011

brilho eterno de uma mente sem lembranças


molduras de porta-retratos
diários em branco
poemas em guardanapos
fotos amareladas
postais desbotados
cartas pela metade
uma flor prensada
entre as páginas de um livro
num lugar chamado saudade


Wallace Puosso

22 agosto, 2011

COISAS QUE FAZEMOS QUESTÃO DE LEMBRAR

A memória do que fica é um detalhe, um traço que a história encobre pela rudeza dos dias. Mas apesar de tudo, ela volta, tão (ou mais) forte do que antes. Como se anteontem fosse há um minuto atrás. Aquela menina já é mulher. E os desejos, ah... esses mudaram. Um dia foram poemas, hoje são ações. "E a poética?" - por certo aquela garota perguntaria. "Está no olhar". E isso já o diz.


wallace puosso

17 agosto, 2011

um dia de sol num copo d'agua

Então ele acordou - soluçando
no meio da madrugada


(silêncio)

copo d'água e exame de consciência.

"O que você estava esperando"
disse o Coringa ao homem-morcego
"a piada já perdeu a graça, você sabe".
Tem gente roubando meu espaço
tomando meu vinho
desejando minha mulher.

"Não há razão para pânico"
anunciou solene a voz metálica
nos corredores do shopping em chamas
de mãos dadas aquele casal se salvou.

Vivemos tempos estranhos

"Para de rir, por favor"
sussurrou à namorada
enquanto contavam dinheiro à entrada do motel
(o amor, às vezes, não pode ser parcelado)

quero (e preciso) me manter acordado
ainda espero um sinal (qualquer que seja)
o que importa, é estar ao seu lado

você sabe

a saudade
é a fragrância da memória.


Wallace Puosso

07 agosto, 2011

03 agosto, 2011

Fish Story




Está claro que o sonho é aquela parte do dia de olhos fechados: eu tenho um long play antigo e a lista das dez mais que não me sai da cabeça. Muitos anos se passaram, amores outros se foram, talvez cabelos mais curtos e idéias mais lúcidas. Eu não vi o cometa passar, nem ganhei meu primeiro milhão antes dos 40. Acho que, no fundo, no fundo, tudo é um teste. Pra ver se realmente estamos acordados.



Wallace Puosso

24 julho, 2011

vizione del silencio



Solidão e incomunicabilidade.
Em meio à aventuras ruidosas e roteiros óbvios que Hollywood produz, Antonioni destaca-se como poeta de imagens (plasticamente) bem elaboradas e filma o silêncio/solidão com uma desesperada elegância.
Na obra antoniana, o silêncio diz mais que mil palavras. Fina estampa. "Vizione del Silenzio", assim Caetano inicia sua canção em homenagem ao mestre. Esquinas vazias, páginas em branco, poemas concisos. Sete versos, vinte palavras. No cruzamento onde se encontram a concisão da poesia cantada com a estética - perfeita - gravada no celulóide, Caetano e Antonioni parecem afirmar: menos é mais.
O homem moderno parece ter perdido o sentido da palavra, do primitivo, da essência: está condenado – como "Entre Quatro Paredes" de Sartre – ao vazio existencial e a ser consumido pelo tédio.
A contrário do cinema moderno, Antonioni é um artista do essencial, como poucos.
Mínimas palavras, cenas que dizem mesmo sem dizer.




wallace puosso
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14 julho, 2011

A vida dos peixes




Meu caro,


Acabei de assistir "A vida dos Peixes", uma produção chilena de 2010 de tirar o fôlego. Mas não é um filme de ação: é um mergulho no profundo de quem assiste.
E fico pensando.
Estamos realmente saturados de um excesso de realidade (internet, telejornais, banalização da violência, do erotismo, dos valores, etc.) e nos falta lirismo, poesia e sonho pra suportar tudo isso.
Inconscientemente talvez, acabo por buscar essas matérias-primas nos trabalhos que faço, nos espetáculos e filmes que assisto, nos livros que leio. E no convívio com os amigos, que me são caros.
Alimento-me de lirismo, poesia e sonho e contraponho-me aos excessos à vista.
Como num aquário, estamos presos à rotina, ao cinza dos dias, ao tempo corrido, aos convívios mesmos, a um círculo que nunca se abre.
Pra que a vida de fato ocorra, às vezes, é necessário colocar a cabeça pra fora e respirar.


Um abraço deste que lhe admira.


Com saudades,




Wallace Puosso

27 junho, 2011

Dispositivos Móveis II


quando você me olha

Quando há chuva, bom é ficar em casa
Onde há poesia, uma vida menos vazia
No jardim, florescem cores diversas
Quando a música é boa, o corpo dança
Onde a palavra impera, não fica dúvida
Quando o filme é bom, peço aconchego
Quando há carinho, toda rudeza some
Quando se tem um amigo, se tem tudo
Quando você me olha, eu fico mudo

Wallace Puosso
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Lost in Translation (2003)
Direção: Sofia Coppola
Atores: Scarlett Johansson, Bill Murray, Giovanni Ribisi, Fumihiro Hayashi.
Gênero: Drama

20 junho, 2011

CAFÉ LUMIÉRE




Trilhos, trens, cafés e sonhos.
Ela contrapõe-se ao passado em mapas e almoços de família.
O futuro chegou (sempre chega).
E ela, séria,  procura um sentido pra vida. Qualquer que seja.
O tempo da vida, a duração das coisas.
Logo, o trem passa, as estações do ano passam, as pessoas envelhecem
as coisas mudam um pouco (ainda que lentamente)


Wallace Puosso
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15 junho, 2011

Dispositivos Móveis I

solidão, não: sensação

 

onde se ouve a palavra, sinta a sensação

onde se vê falhas, complete os pontos

onde se localizam sentidos, alterne direções

onde se vê roupa, tire-a

onde se sente o sol, abre-se um sorriso

o mar não se vê, mas fica logo abaixo:

 

 

 

 



wallace puosso