29 agosto, 2008

espelho estilhaçado e badulaques pela cidade





Como a caneta busca papel e palavras completam espaços em branco a voz dá cor à espera discursos comovem e arrancam aplausos. Como a língua busca o beijo e o beijo cala a palavra em vão o sacerdote se esquiva da dúvida e sustenta a fé de um séqüito de céticos ávidos pelo virtual paraíso.


Você já percebeu que a história é cheia de malfeitores que se dão bem no final?


Nosso filme é em preto e branco nossa música tem solos de guitarra nossa arte é aderecista e certinha. Eu lembro que tinha coragem agora não estou lembrando onde a guardei em meio ao kaos do quarto.
Você quis sair do anonimato e quer aprender dança de salão pra não dançar no final da noite acenda velas para um santo que seja e outra para o escuro e adivinhe quem vem para o jantar hoje.
É melhor manter as crianças no quarto enquanto a TV estiver ligada.
Admita: as coisas que o cercam não são assim tão reais quanto parece a prece falha que nunca foi dita a ferida que custa a cicatrizar o azar de quem acha que tem a cerca não detém o gatuno que sorrateiro invade em silêncio.


Sorria, você está sendo filmado:
de um lado de outro lado todo dado é meio viciado e jogo valendo dinheiro o leva à beira do abismo (o caminho só é aberto por quem tem o machado certo).


Insista: colher pessoas maduras não altera a saúde do pé no entendimento do rio ele jamais pára, o trem, só de pontos em pontos. Estamos avançando sempre mas... Vamos pra onde mesmo?
Será que hoje terá publico? A platéia em silêncio, espera, espera, espera.


Quando foi que fomos felizes? Ihhhh... Diga ao condutor que ficamos por aqui. Vamos descer e desfazer malas e planos.
Qual sonho mantém seu sono real?


Consciência pesada é como pedra afundando em águas tranqüilas por milhas e milhas o caminho se estende e é preciso estar inteiro/preciso flecha com alvo certeiro.


Num bar empoeirado o aviso:
Fulano desapareceu há dez anos”.


O tempo é uma relação de espera e vincos profundos pelo rosto. O gosto.
O prenúncio do prazer - feche os olhos, use a imaginação! - todo poeta é como um arauto contrapondo a anestesia dos tempos.


Todos vivem dizendo o que é preciso ter para estar “incluído” nalgum lugar - roupas, adereços e badulaques. Bem, eu tento ser eu da melhor maneira mas todos sempre querem que você Seja exatamente como eles não são.
Discursos, pretextos e acordos quem precisa da moça do tempo pra saber de onde o vento sopra?
Como a agulha busca a veia a raiva toma o lutador de um cano a bala parte e o ponto cego ofusca olhos que não olham nada.


“Tem alguma coisa errada por aqui” - você disse a certa altura da vida.


Tem gente tomando seu vinho, comendo seu pão olhando sua vida por detrás do portão abarrotando sua caixa postal com correntes que se fossem libertárias de fato não teriam esse nome.


Wallace Puosso

2 comentários:

  1. Ahá! você escondidinho aqui também!

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  2. Na vida mais um estrangeiro mostra sua face.Eu queria ter tempo para a face de todos, pelo menos, os poetas.Então vivo na correria dos dias, tentando que o tempo se detenha pelo menos um pouco, o tempo de embarcar em mais uma viagem, seja boa ou má, mas viagem.
    Parar, é desistir.
    Isso, não me permito.
    Obrigada Wallace, qto mais passageiros, mais diversa e interessante a viagem, nos estrangeiros, a magia.
    Carinho,
    Ivanise

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