09 setembro, 2010

o som de uma mão batendo palmas


foto divulgação do espetáculo "“Um navio no espaço ou Ana Cristina César”. Em primeiro plano, Paulo José.

“conhecemos o som de
duas mãos batendo palmas.
Mas qual é o som de
Uma mão batendo palmas?”
J.D. Salinger


O mestre faz uma pergunta / sem sentido / ao seu discípulo (koan no zen budismo). Na meditação / a resposta pode conduzir a. Iluminação. O silêncio. O silêncio ardente de Gogol / queimando a segunda parte de “Almas Mortas” / em meio a uma crise espiritual. O silêncio / da baixa auto-estima / de Emily Dickson que acreditava / não ser digna / de publicação da sua obra. O silêncio da ausência de quem amamos. O silêncio imposto pelas ditaduras. O silêncio deliberado / como renúncia espiritual. O silêncio de uma partida abrupta, de uma lágrima caindo, de um sorriso se formando. A partida abrupta que deixou / incompleto Woyzec. O silêncio que a santa inquisição abençoou. O silêncio clássico das obras gregas / que se perderam no tempo. O silêncio que se confunde / com invisibilidade / na obra de Thomas Pynchon (para muitos, heterônimo de Salinger). O silêncio por trás das muralhas. Das verdades. Dos amores que perduram entre tormentas ruidosas. O koan é como uma pergunta / que nos obriga / ao auto-conhecimento. O silêncio interno de quem escreve. O poeta grita com a força da alma.


wallace p./ reeditando
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2 comentários:

  1. Emily Dickson é a coisa mais linda, meu Deus.

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  2. Nada de silência, muito menos de palmas de uma mão só: excelente postagem, "clapemos" de pé! Mas, se versos teus, por que na estrutura de prosa, separados por barras? Não entendi... Abraço e vê se aparece para ouvir o som de uma asa só de um morcego...

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